“Em finais do século XIX o Brasil era apontado como um caso
único e singular de extrema miscigenação racial.” p.15
Este livro analisa a influência de teorias cientificas vinda
da Europa, teorias como “evolucionismo social, positivismo, naturalismo e
social-darwinismo”, influenciaram principalmente as elites brasileiras, os
chamados “homens de ciência”, em sua maioria oligarcas e filhos de fazendeiros,
antes mesmo da existência de qualquer universidade ou instituição propriamente
cientifica, estes homens foram a “nata” intelectual do país, que constituíram
as primeiras escolas de direito e medicina. Escolas construídas as presas após
a vinda da família real 1808 e da independência em 1822, com o intuito de
suprir a nação com auxiliares qualificados intelectualmente na administração de
um país novo, sem as influências de Portugal.
Nesse primeiro momento buscava-se formar uma identidade
nacional, e entender os motivos do atraso do país em relação as nações
europeias mais desenvolvidas, todo um conjunto de teorias e ideias novas vindas
de fora, teve grande influência em um seleto grupo de intelectuais a partir de
1870. Na Europa o discurso evolucionista e determinista justificava o
imperialismo das nações mais desenvolvidas, aqui foi adaptada ao contexto
nacional, descartando o que era problemático e reformulando o que mais
combinava com nossa realidade de país atrasado e miscigenado. “Negros,
africanos, trabalhadores, escravos e ex-escravos” foram definidos como “classe
perigosa”, transformados em “objetos de ciência”. Ciência onde se reconhecia
diferenças e determinava-se inferioridades. p.28-38
O que chegou no Brasil em finais do século XIX não foi uma
ciência do tipo experimental ou sociológica, mas modelos evolucionistas e
social-darwinistas que justificavam “teorias de práticas imperialistas de
dominação”. p.41
Adaptada a realidade nacional a influência desses teóricos
europeus, contribuiu para a criação, na perspectiva das elites, de uma imagem
de país progressista, civilizado e cientifico. Ainda na monarquia de d. Pedro
II considerado um monarca esclarecido, que dizia “A ciência sou eu”,
(parafraseando o rei Luis XIV que dizia “O Estado sou eu”). O Brasil era cadeira
cativa nas Exposições Universais de ciência pelo mundo, não a toa d. Pedro II
será o patrono dos primeiros institutos que viriam a ser fundados no país. Como
já dito as elites criaram uma imagem de país moderno, que incentivava a
ciência, constituindo-se em um paraíso para naturalistas, viajarem e
aprofundarem seus estudos.
Na literatura nacional as obras como A Carne; Ateneu, A
esfinge e O Chromo: um estudo de temperamento, obras naturalistas-científicas
vão transmitir os anseios de seus autores em divulgar o pensamento de Spencer e
Charles Darwin. p.43-44
Esse ideário científico de civilização e progresso, se fez
sentir nas grandes cidades com amplos programas de higienização e saneamento.
“Tratava-se de trazer uma nova racionalidade cientifica para os abarrotados
centros urbanos, implementar projetos de cunho eugênico que pretendiam eliminar
a doença, separar a loucura e a pobreza” p.46 Porem havia um “descompasso”
entre o projeto da elite e a realidade social da classe pobre que não compreendia
estas mudanças no meio em que elas viviam, como foi a Revolta da Vacina.
As doutrinas raciais do século XIX tomaram corpo com a
junção de obras de alguns pensadores que eram contra a visão de humanidade como
uma só, como o jurista Cornelius de Pauw que introduz o conceito de
“degeneração”, como sendo um desvio patológico. No inicio do século XIX Georges
Cuvier utiliza o termo “raça”, “inaugurando a idéia da existência de heranças
físicas permanentes entre os vários grupos humanos.” Houve uma reação, de alguns
pensadores europeus, ao Iluminismo e a Revolução Francesa e sua visão de
igualdade humana, em detrimento de doutrinas que afirmava a existência de
diferenças básicas entre os seres humanos. p.62-63
Assim, duas vertentes passaram a aglutinar os diferentes
autores que pensavam a origem do homem no século XIX, a concepção “monogenista”
dominante até meados do século XIX, que conforme a bíblia, acreditava que a
humanidade era una, e que tinha uma origem comum. E a concepção “poligenista”,
que representava uma contestação ao dogma monogenista da Igreja. Os autores poligenista acreditavam na
“existência de vários centros de criação”, que deram origem a raça humana,
explicando as diferenças raciais observadas entres os seres humanos. p.64
Em 1859, Charles Darwin publicou o seu famoso livro “A
origem das espécies”, levando o embate entre poligenistas e monogenistas a
amenizar-se, já que tinha observações que agradava a ambas as concepções.
O impacto do livro de Darwin foi imenso influenciando várias
disciplinas sociais (antropologia, sociologia, história, teoria política e
econômica), filosofia e política. Na política o darwinismo significou uma
sustentação teórica as nações imperialistas, noções como “seleção natural” e
“mais forte e adaptado”, foram amplamente utilizado para justificar o
imperialismo dos países ricos sobre os pobres. p.72-74
Os estudos de Darwin originou duas escolas deterministas,
uma de caráter geográfico representada por Ratzel e Buckle, “advogavam a tese
de que o desenvolvimento cultural de uma nação seria totalmente condicionada
pelo meio”. E a outra um determinismo racial denominado “darwinismo social” ou
“teoria das raças”, essa tese “via de forma pessimista a miscigenação, (...)
sendo todo cruzamento, por princípio, entendido como erro. As decorrências
lógicas desse tipo de postura eram duas: enaltecer a existência de ‘tipos
puros’ e compreender a mestiçagem como sinônimo de degeneração não só racial
como social.” p.76-78
O britânico Francis Galton cria em 1883, uma espécie de darwinismo
social avançado a “Eugenia” (Eu-boa; genus-geração) em 1869 lança sua obra
considerada a fundadora da eugenia, “Hereditary genius”, defendia que a
capacidade humana era função da hereditariedade e não da educação: “as
proibições aos casamentos inter-raciais, as restrições que incidiam sobre
‘alcoólatras, epilépticos e alienados’, visavam, segundo essa ótica, a um maior
equilíbrio genético, ‘um aprimoramento das populações’, ou a identificação
precisa ‘das características físicas que apresentavam grupos sociais
indesejáveis’”. p.78-79 Esse pensamento influenciou o surgimento do Nazismo nas
décadas de 1920-30.
O capítulo quarto faz um estudo das origens e do
funcionamento do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, o famoso IHGB
(1839). E o surgimento de outros institutos como o “Instituto Archeologico e
Geographico Pernanbucano” (1862) e o “Instituto Histórico e Geographico de São
Paulo” (1894).
O capítulo quinto trata das origens das duas primeiras
faculdades de direito do país, uma em São Paulo e a outra primeiramente em
Olinda e posteriormente transferida para Recife.
O Capítulo sexto trata da história e doutrinas pregadas nas
duas primeiras faculdades de medicina do país a “Faculdade de Medicina da
Bahia” e a “Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro”.
Livro recomendado para quem estuda as teorias científicas
influentes na Europa do século XIX, e os reflexos dessas doutrinas nos
intelectuais brasileiros na virada do século XIX para o XX, e o mais importante
como essas idéias foram recebidas e adaptadas para uma realidade diferente do
contexto europeu.
Fonte: SCHWARCZ, Lilia Moritz. O Espetáculo das Raças: cientistas, instituições e questão racial
no Brasil (1870-1930). São Paulo: Companhia das Letras, 1993.
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